sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O NASCIMENTO DO ROCK




O rock’ n roll pode ser comparado ao idioma inglês. Este se deriva do alemão, cerca de três quintos do vocabulário do inglês moderno vem do francês e sua gramática conserva muito do latim. E, mesmo assim o inglês é facilmente reconhecível, com gramática fácil o bastante para desempenhar o papel de idioma universal.
Do mesmo modo, o rock’ n roll, embora derivado do blues norte-americano, cometeu o mesmo paradoxo de ir reunindo influencias de todas as parte para formar seu estilo próprio. Então com a mistura da escala pantatonica do blues, improvisação do jazz, marcação insistente das marchas militares, sutileza rítmicas da rumba e do baião, a melodia da canção italiana, seqüências harmônicas de compositores eruditos diversos como Beethoven e Debussy, efeitos sonoros acústicos ou eletrônicos da musica de vanguarda, percussão africana, instrumentos típicos de paises como Índia e Japão.... Surge então o ROCK’ N ROLL!





E, parafraseando J.Ramos Tinhorão sobre nosso choro, o rock’ n roll é também um “sotaque”, um jeito de tocar: apenas algumas provas disso  são ‘‘AND I LOVE HER’’ , beguine dos Beatles: todos os reggaes da banda The Police; e todo o chamado movimento “new-bossa” inglês dos anos 1980, que soam como roqueiros tocando esses ritmos.

O rock é um dos grandes paradoxos da história da humanidade.
Apesar de já ser ate matéria de curso universitário, é a forma musical mais instantânea, efêmera e “moleca” que existe, mas o melhor rock resiste ao passar do tempo.
“Rock’ N Roll é a piada mais engraçada e duradoura do Universo”, resumiu o escritor e jornalista norte-americano Mark Shipper.
Equivalente musical do gibi, da barra de chocolate, do lenço de papel, do café solúvel do avião a jato e de tudo que seja prático e de uso instantâneo (mesmo que descartável), o rock é um artefato sem o qual este século teria sido bem diferente, e seu surgimento, desenvolvimento e aceitação mundiais foram, ora  bem ou o mal, a coisa mais natural do mundo.
Nunca a musica teve tamanha importância para a sociedade, e nenhum tipo de musica tem sido tão influente quanto o rock’n roll, não só a musica mais aberta á influencia de outras musicas, mas também a musica mais aceita em todo o planeta. A chamada “cultura universal”é, na verdade, a cultura particular de alguém, aceita(ou imposta) universalmente, e o rock, não só é musica mas um estilo de vida.





Nenhuma invenção de sucesso, nem mesmo a roda, podem ser atribuídas a uma única pessoa. Muita gente se esquece disso e simplifica demais a historia do rock, como se ele simplesmente tivesse sido criado do nada por Bill Haley e Elvis Presley.
Na verdade muitos outros artistas contemporâneos a eles, incluindo Ike Turner, Chuck Berry, Joe Turnês, para não falar em artistas que podem ser considerados proto-toqueiros como Robert Johnson, chegarão ao mesmo resultado sonoro, cada um fazendo sua própria síntese do blues, jazz  e outros estilos.
Assim como o mar e as montanhas existiam desde muito antes do ser humano lhes dar esses nomes, já se fazia rock’n roll antes deste nome ter começado a designá-lo.




Entendendo um pouco mais...

Foi dito que um dos encantos do rock (e de qualquer estilo de musica dançante) é justamente a repetição sem tédio.
Um dos mais lembrados (embora nem sempre com intenção elogiosa) aspectos do rock é sua proximidade á musica hipnoticamente repetitiva dos tocadores de tambores da selva africana(e cuja as derivações mais recentes incluem aquela já famosa batida de bumbo e chimbau do trance, “ tum-tis-tum-tis-tum”).
Há inclusive, estudos científicos sobre o rock ser sentido diretamente pelo sistema nervoso central, sem conhecimento do cérebro ou das emoções, e seu efeito quando em alto volume e andamento acelerado, ser semelhante ao de bebidas alcoólicas.
Isto nos lembra uma coletânea de punk-rock de 1978(Saturday night Pogo), que foi divulgada como “um vinho não para ser saboreado, e sim para aquecer as tropas no campo de batalhas






O rock talvez seja a mais acessível e simples de toda as formas de musica popular, pois suas derivações são impressionantes que vão desde:
Blues, jazz , folk music, country music, Rhythm & blues, calipso, ragtime....
Ao:
pop-rock, heavy-metal, punk-rock, new-wave,reggae, Dark/gótico, disco, hard-rock, emo....

Vale lembrar que: qualquer um pode tocar rock, porém nem todos toquem rock bem!

O rock bem tocado ou rock mal tocado é  totalmente livre de formalismo, acaba sendo mais atraente para grandes fãs do estilo, que reagem a qualquer inovação que aumente a quantidade de notas e acordes.
Então lhe pergunto “como que isto não e rock?”


Não existe culturas fechadas e os gêneros musicais, como as ciências, não são compartimentos estanques; por exemplo, o jazz-rock, o tecno-reggaee o coutry-rock são tão naturais e validos quanto a fisco-quimica, a Astrologia e a Bioquímica (e conforme o gosto, mais ou menos agradáveis).
O rock não tem uma cara só, não se resume  à rítmica insistente de guitarra, baixo e bateria.
Pode reparar: artistas de estilos diversos como Elvis, Beatles, James Brown, Iron Maiden  e Run-DMC atendem pelo denominador comum de rock’ n roll.

Qual você prefere:
Elvis ou Yardbirds?
Os Crapenters ou o Coldplay?
O Nirvana psicodélico inglês ou o grunge de Seattle?
Tanto um garoto com uma guitarra elétrica quanto um DJ com seu pick-up, uma garota com um piano, ou um senhor com sua bateria podem fazer rock’n roll! (e do bom hem!)




O ROCK’ N ROLL  é uma forma de tocar; podemos acrescentar que é também um estado de espírito, uma forma de ver e enfrentar o mundo e as coisas.
 Claro que sempre tem um que vai tentar inventar um novo etilo de musica, mas na verdade não existe um novo estilo é tudo questão de misturas de estilos diferentes!

“Todas as boas músicas e todos os bons discos já foram feitos e inventados agora é só reciclagem.”
Bem é claro que isso é questão de opinião e gosto. Pois como diz um humorista muito famoso “Não existe rock novo, existe gente nova.”
O rock sempre se revigora nas mãos certas!

Com o mundo se dedicando a tecnologia vai começando a surgir coisas novas como: amplificadores mais potentes ou efeitos novos, técnicas de gravação versáteis novas influencias externas ou simplesmente o pique da nova geração. Mas tudo isso é nada mais nada menos que características das raízes anteriores com os aperfeiçoamentos da tecnologia que vem surgindo!

Mas lembre-se de agradecer sempre ao Ike Turner, Chuck Berry, Robert Johnson entre outros que começaram com os primeiros acordes.
E que se hoje existe grandes músicos, é tudo por causa deles!



Ike Iuner